Turbilhão de Emoções # 5

  Os nossos lábios aproximavam-se lentamente… O calor do Afonso fazia-me sentir bem. Estávamos quase a dar nosso primeiro beijo, quando… hesitei!

  Não estava preparada, afinal ele era o meu melhor amigo desde há muito tempo e aquele beijo iria mudar muito a nossa relação, ou até destruí-la. Não queria perder aquele porto de abrigo, aquela esperança e força que ele me transmitia.

  Peguei na minha mala e desatei a correr em direção a minha casa:

- MARGARIDA, ESPERA! POR FAVOR! – Berrou o Afonso.

- Desculpa Afonso!

Só me passava pela cabeça: ‘‘Será que tomei a atitude certa?’’.

  Cheguei a casa, bati a porta do meu quarto e nem sequer me lembrei que os meus pais podiam estar a descansar.  Numa tentativa de distração pus os phones do meu IPod nos ouvidos e coloquei o volume no máximo.

  - Alice, posso entrar? – Dizia uma voz do outro lado da porta.

  - Alice, estás aí querida?

  - QUE SE PASSA QUERIDA? ESTÁS BEM?

  O meu pai entrou de repente pelo meu quarto.

  - Calma pai! Que se passa? – Tirei rapidamente os phones.

  - Bati à porta três vezes, como ninguém me respondeu pensei que te estivesses a sentir mal querida. – O ar de preocupação era visível no rosto do meu pai.

  - Não, estava com a música no máximo. – Esbocei um sorriso.

  - Então querida, chegas-te a casa e bates-te a porta com uma força que até me acordas-te… Que se passa?

  - Oh, desculpa pai, desculpa mesmo!  Foi sem querer.

  - Não faz mal meu amor. Também tinha de acordar para vos fazer o jantar, que a futura mamã está a dormir profundamente.

  - Oh pai desculpa, mas é melhor encomendarmos uma piza. Ahaha!

  - Que má que você está a ser para o seu pai! Só por isso, vai receber um ataque de cócegas!

  - Nem te atrevas, pai!

  Como eu adoro brincar com o meu pai, aquele seu lado de criança fascina-me.

  A esperada piza chegou e eu, o meu pai e a minha mãe lambuzamo-nos com ela.

  - O jantar estava delicioso mas tenho de me ir deitar.

  - Não queres comer a sobremesa, Margarida? - Perguntou-me a minha mãe.

  - Não mãe, estou cheia... - Sorri.

  - Então boa noite querida! - Disseram as vozes dos meus pais em conjunto.

  - Boa noite, durmam bem! - Dei-lhes um beijo na testa, e também naquele que ia ser o meu futuro maninho, ou maninha.

...

  - Margarida, acorda! Já estás atrasada! - Gritou o meu pai.

 Olhei para o relógio e faltavam 25 minutos para entrar… Levantei-me desesperadamente, tomei um duche rápido e vesti uma roupa previamente preparada.

 - Bom dia, família! Estou atrasada…

 - Pois, já reparamos querida.

 Peguei num leite achocolatado do frigorífico e num queque.

 - Até logo!

 - Adeus filha, concentra-te na escola. – aconselhou-me a minha mãe ao longe.

 Pus-me a caminho da escola que ficava a 25 metros de minha casa e encontrei o Pedro* :

 - Bom dia Margarida! Que surpresa. – Exclamou ele, alegremente.

 - Olá Pedro! Mesmo… Não sabia que moravas para estes lados.

 - Mudei-me à pouco… Assim podemos vir sempre juntos para a escola, ahahaha.

 - Por mim tudo bem. – Esbocei um sorriso.

 - Parece que já arranjas-te companhia para a escola, Margarida. – Uma voz familiar soou.

 Virei-me, e deparei-me com o Afonso.

 - Também podes vir connosco, Afonso! – Exclamei eu.

 - Não, deixa estar… Não quero incomodar. – Aquele comentário soara a algo sarcástico.

 - Por amor de Deus, Afonso! Não sejas infantil. – Agarrei-lhe o braço, impedindo-o de me virar as costas.

 - Larga-me, Margarida! – Ordenou ele, começando a fugir.

 - O que é foi isto? – Perguntou o Pedro, algo confuso.

 - Também não percebi. – Respondi eu.

 Não reconheci o Afonso, ele nunca teve uma atitude destas comigo…

*Para quem não se lembra, o Pedro é aquele por quem a Margarida já teve uma paixoneta, coisa passageira. Leiam o 1º capítulo para avivar a memória :)

Continua...